Introdução

                                             Desnutrição noBrasil (Nordeste)
A insuficiência da alimentação e outras condições impróprias para a saúde, associadas ao baixíssimo poder aquisitivo de grande parte da população brasileira, manifestam-se em indicadores antropométricos de desnutrição. O crescimento e a manutenção das dimensões corporais exigem a presença de condições ótimas, principalmente quanto à ingestão e utilização biológica de calorias e proteínas. Assim, os indicadores antropométricos constituem uma maneira bastante sensível de detectar casos de desnutrição.
Serão analisados, nesta seção, dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (Pnsn), realizada de junho a setembro de 1989 por Inan, Ipea e Ibge.
Cabe ressaltar, inicialmente, que a comparação entre o Endef (Estudo Nacional da Despesa Familiar, realizado pelo Ibge de agosto de 1974 a agosto de 1975) e a Pnsn (1989) indica que ocorreu, no período entre essas pesquisas, substancial redução da prevalência de desnutrição entre crianças no Brasil, que pode ser associada com o crescimento da renda per capita, com o aumento da escolaridade e a com extensão do fornecimento de água tratada e do saneamento básico, além de progressos nos serviços de saúde (Inan, 1990; Monteiro et alii 1992; lunes & Monteiro, 1993).
A desnutrição crônica é detectada observando-se a freqüência, na população, de crianças de estatura muito baixa, ou seja, crianças cuja altura está mais do que dois desvios padrões abaixo do valor esperado para sua idade e sexo. "A proporção destas crianças em populações sadias e bem-nutridas não deve ultrapassar 2,3%, o que corresponde à freqüência de crianças geneticamente baixas. Desde que presentes em freqüência superior a 2,3%, estaturas muito baixas são indicativas de presença de severo impedimento do crescimento, este observável apenas quando são extremas as condições de penúria" (Monteiro, 1992).
A tabela 7 mostra a prevalência de desnutrição crônica entre crianças menores de cinco anos, no Brasil, com base nos dados da Pnsn. Observa-se que no país como um todo, em 1989, 15,4% das crianças menores de cinco anos apresentavam estatura muito baixa. Essa proporção era 23% no Norte urbano, 27,3% no Nordeste, 8,1% no Sudeste, 8,7% no Sul e 8,2% no Centro-Oeste. Verifica-se que a prevalência de desnutrição é sempre maior na área rural do que na urbana. Quando se consideram apenas os dados referentes a áreas urbanas, destaca-se o fato de a prevalência de desnutrição no Norte e no Nordeste ser mais de três vezes maior do que nas demais regiões do país.